Escritor João Manuel Ribeiro vence Prémio Literário António Augusto Costa Simões

“Silêncio do Buçaco”, da autoria de João Manuel Ribeiro, é a obra vencedora da segunda edição do Prémio Literário António Augusto Costa Simões. O júri atribuiu ainda uma menção honrosa ao romance "A última dor", António Manuel de Melo Breda Carvalho. O resultado foi divulgado em sessão pública, realizada, ao final da tarde de ontem (6 de novembro), na Biblioteca Municipal da Mealhada.
O júri justificou a atribuição do prémio à obra "Silêncio do Buçaco", de João Manuel Ribeiro, “dada a relevância e oportunidade do tema para o concelho da Mealhada: a Serra e a Mata do Buçaco que devem ser protegidas e amadas, em nome da preservação ambiental e do património local e até mundial, como o atesta a permanência da Mata do Buçaco na lista indicativa a Património Mundial da Unesco e ainda pela originalidade da narrativa que alia a força necessária à referida defesa do ambiente à frescura da linguagem eminentemente poética”. O Prémio, trienal, tem o valor pecuniário de 3 mil euros e a Câmara Municipal da Mealhada assume ainda os custos de edição do livro.
João Manuel Ribeiro é poeta, escritor, editor e investigador, sendo considerado “um dos mais promissores autores de poesia para a infância”, área em que se destacou, com a publicação de mais de cinco dezenas de livros de literatura infantil e juvenil. Este é o seu primeiro prémio na área da literatura para adultos. “Não se trata de um romance histórico, mas tem um fundo histórico. O mistério é o que constitui a essência e a natureza das coisas e esta região de Mata do Buçaco têm inscrita vários mistérios”, disse o autor, referindo-se à história de uma arqueóloga no Buçaco.
O júri, constituído por Isabel Lemos, Maria da Luz Pedroso e João Paulo Simões, distinguiu ainda, com uma menção honrosa, o romance "A última dor", António Manuel de Melo Breda Carvalho, “pela premência social dos temas: violência doméstica e abuso sexual de crianças e pela originalidade intimista da produção narrativa epistolar”. António Breda Carvalho é docente e escritor, natural da Mealhada, e conta já diversos livros publicados e prémios literários, sendo a sua última obra “O Censor Antifascista”.
“Foi uma tarefa poliédrica, com várias faces e ângulos de apreciação e com muita subjetividade, do autor e dos jurados, uma vez que se trata de um ato de criação”, referiu Isabel Lemos, explicando, porém, que foram estabelecidos critérios que levaram ao resultado final.
Ao prémio concorreram oito obras, tendo sido excluídas três, pelo facto de não terem mantido o anonimato na apresentação das obras.
António Jorge Franco, presidente da Câmara Municipal da Mealhada, felicitou todos os concorrentes e realçou a importância do prémio “no apoio à Cultura e a quem tem este gosto por escrever”.
Também Filomena Pinheiro, vice-presidente da Câmara Municipal da Mealhada, congratulou os autores. “Congratulamo-nos pelos escritores que aceitaram o desafio, pensaram o nosso território e produziram um romance com base na nossa identidade. É da criatividade das produções que o nosso território é mais ou menos conhecido e poderá ser alvo de doutras dinâmicas. Além de que deste concurso resulta o enriquecimento da literatura nacional”, sublinhou.
O mais ilustre mealhadense
Criado em 2018, o Prémio Literário António Augusto da Costa Simões procura homenagear a "mais grada figura do concelho da Mealhada". António Augusto da Costa Simões, que nasceu a 23 de agosto de 1819, na Vacariça, e faleceu a 26 de novembro de 1903, é considerado o maior impulsionador do método experimental em Portugal. Ficou conhecido pelas suas qualidades de reformador e progressista em quase todas as áreas em que trabalhou. Foi professor e, mais tarde, reitor na Universidade de Coimbra, embora desempenhasse outros cargos ao mesmo tempo, nomeadamente clínico municipal, membro da Câmara dos Pares do Reino e presidente da Câmara Municipal de Coimbra, entre outros.
O Prémio tem o objetivo de promover a produção de originais em língua portuguesa e divulgar o nome do seu honorável patrono. Em cada edição, a Câmara Municipal da Mealhada decide qual o género literário a concurso, finalidades e especificidades do Prémio, através da publicação de regulamento específico para cada edição. O prémio é restrito a obras originais, em língua portuguesa, inéditas, de produção individual e não premiadas anteriormente, podendo participar, sob pseudónimo, indivíduos de nacionalidade portuguesa ou estrangeira. Além deste prémio, a Câmara Municipal da Mealhada tem instituídos o Prémio Maria da Nóbrega, no estilo de contos, e o Prémio Adelino Melo, dedicado à historiografia local.
Na primeira edição do Prémio Literário António Augusto da Costa Simões, em 2023, foi distinguido o escritor Mário Silva Carvalho, com a obra “Vêm aí os franceses e outros que tais”.