António Breda Carvalho é o próximo convidado de Palavra de Autor – Ciclo de conversas com escritores
O próximo Palavra de Autor – Ciclo de conversas com escritores, que se realiza dia 15 de maio, pelas 17h30, na Biblioteca Municipal da Mealhada, convida o professor e escritor António Breda Carvalho a apresentar o seu romance “O Censor Antifascista”.
António Breda Carvalho, professor e escritor mealhadense, estará à conversa com o público acerca do seu romance “O Censor Antifascista”, que venceu a 3.ª edição o Prémio Luís Miguel Rocha, da Câmara e da Biblioteca Municipal de Viana do Castelo com a Porto Editora, tendo o júri realçado a “originalidade e consistência da trama narrativa”.
O prémio foi atribuído o ano passado, quando se comemoraram os 50 anos do 25 de Abril, mas chegou às livrarias no início deste mês.
O romance “O Censor Antifascista” foi escrito para avivar a memória da ditadura em Portugal e o impacto social da censura, em particular, nesses anos "fechados e claustrofóbicos", anteriores a Abril de 1974, explica o autor, adiantando que a abordagem da censura pela literatura portuguesa é quase inexistente.
“Este é um livro para lembrar às novas gerações que se hoje Portugal é um país à beira mar plantado, antes do 25 de Abril de 1974 era um país sem jardim”, sublinha António Breda Carvalho.
O tempo narrativo de “O Censor Antifascista” decorre entre inícios da década de 1970 até cerca de dois anos depois do 25 de Abril de 1974. Trata-se de um “romance autodiegético", isto é, o protagonista narra a sua própria história. O protagonista “é oriundo do campo, da ruralidade, humilde, mas quer serum homem de cultura, fora daquele ambiente. Já a residir em Lisboa e com o serviço militar cumprido, acaba por exercer o cargo de censor, “porque estava ligado às letras e tinha conhecimentos no meio militar”. Dificuldades económicas levam-no a aceitar o posto de censor na então polícia política, a PIDE-DGS (Polícia Internacional de Defesa do Estado - Direção-Geral de Segurança). Acaba por fazer um “jogo duplo” que leva os superiores a desconfiarem de si. E só escapa porque, entretanto, “'estoira' o 25 de Abril”.
O autor quis, através deste romance, mostrar “o modo de funcionamento da máquina censória, a psicologia do censor, os truques que os jornalistas usavam para fugir aos cortes censórios, a desconfiança dos censores que aumentava se não encontrassem nada [para cortar]. Desconfiavam até da própria sombra. E é o protagonista quem descreve este ambiente vivido no gabinete de Censura”.
A ditadura do Estado Novo, diz Breda de Carvalho, “dá pano para mangas”, permitindo “criar vários romances e todos diferentes”.
António Breda Carvalho nasceu na Mealhada, em junho de 1960, e é professor de Português no Ensino Secundário. Publicou várias obras de ensaio e ficção. Venceu o prémio António Feliciano de Castilho com “As Portas do Céu”, em 2000, o Prémio João Gaspar Simões com “O fotógrafo da Madeira”, em 2010, e uma menção de honra do mesmo prémio com “Os azares de Valdemar Sorte Grande”, em 2012. Conquistou o Prémio Carlos de Oliveira com a “A Odisseia do Espírito Santo”, em 2018.
Entre os seus livros publicados encontram-se ainda títulos como “Os Filhos de Salazar” (2016), “O crime de Serrazes” (2017), “Morrer na outra margem” (2018) e “A banda que tocou fora da Graça de Deus” (2019).
Como romancista, António Breda Carvalho pretende “criar personagens fortes, com alma própria, psicologicamente bem desenhadas, que não sejam bonecos de papel”.
Mealhada, 13 de maio de 2025